Após a notícia de que Patrus Ananias, também conhecido como Santo do Pau Oco, decidiu apoiar a reeleição do síndico de nosso grande viveiro (ver anexo abaixo), a alta cúpula dos bicudos se reúne para decidir os próximos passos para a epopéia do curral eleitoral. Eis a commedia dellart:
REUNIÃO DE CÚPULA DOS BICUDOS:
- TUCANA AZIA: Gente... agora que aquele ministrilho dos pobres e injustiçados resolveu melar nosso equilíbrio ecológico parasitário, vamos ter que arranjar um bofe novo urgente pra nos representar!
- TUCANAÉCIO DE BICO GROSSO: Tens toda a razão, tia Zizi! Indicaremos o candidato mais natural, herdeiro darwiniano de nossa linhagem, medalha de honra ao mérito em vale tudo e na lei do mais forte: A altivez de seu topete impressiona fêmeas e machos de nossa espécie: Vossa excelência, Tucanastra Coxinhês.
- TUCANASTRA COXINHÊS: É uma grande honra ser indicado a cargo tão elevado na hierarquia tucana! Já comecei inclusive a preparar meu plano de governo. Medida número 1: cada sala de aula de cada escola tucanense terá direito a 3000 coxinhas por mês, com as opções de recheio: lagosta flambada, caviar e trufas brancas. Tudo da melhor qualidade, de fornecedor idôneo e de minha inteira confiança!
TUCANAÉCIO DE BICO GROSSO E TUCANA AZIA, após aprovação do grande chefe do bando dos tucanos TUCANO CHIQUE GARBOSO comemoram a plataforma de governo do TUCANASTRA COXINHÊS e todos se põem a cacarejar o novo slogan:
- UM BRINDE COM CHAMPAGNE E CAVIAR! TUCANASTRA COXINHÊS! "ESSE BURGUÊS É POPULAR"
A corrente petista Articulação, liderada pelo ex-ministro Patrus Ananias, decidiu apoiar a candidatura do prefeito Marcio Lacerda nas eleições municipais de outubro. O anúncio foi dado por Patrus no final da reunião que ocorreu em Belo Horizonte, neste sábado (25). A escolha teria sido feita com apoio da maioria dos membros da Articulação.
Ainda que seja a escolha de grande parte dos militantes, Patrus salientou que o conteúdo programático de governo, caso o PT da capital realmente caminhe ao lado de Lacerda, precisará ser rediscutido
Segundo Patrus, a decisão da Articulação é contrária à presença formal do PSDB na composição. “Nós não queremos e vamos trabalhar contra a aliança formal com o PSDB”, salientou o ex-ministro.
Sexta-feira (23), o presidente estadual do PSDB, deputado federal Marcus Pestana, apresentou um documento contendo oito exigências para integrar a aliança em torno de Lacerda. Entre os pontos, os tucanos afirmam que a legenda condiciona o apoio à escolha de um “vice-prefeito que encarne o espírito da aliança e não de projetos futuros de poder” e ao aumento da participação tucana na administração da capital, em caso de vitória. LINK PARA MATÉRIA DO TEMPO
As Leis de Incentivo à Cultura (nos âmbitos federal, estadual e municipal) são um resquício da mentalidade neoliberal e privatizadora do governo FHC que persiste e avança cada vez mais e torna toda a classe artística dependente de meia dúzia de empresas patrocinadoras e escritórios de produção e captação de patrocínios.
Há, em alguns casos, os Fundos de Incentivo, mas estes não são acessíveis aos artistas como proponentes individuais.
Vocês sabiam que, por exemplo, grande parte do conteúdo da programação produzida e exibida pela Rede Minas (emissora pertencente ao governo do estado de MG) é financiado via recursos da Lei Estadual de Incentivo? Sabem o que isso significa? Um jabá das grandes empresas patrocinadoras determinando o conteúdo que será veiculado em uma emissora pública, mas um jabá gratuito, pois é descontado nos impostos devidos a esse mesmo estado que é o dono da emissora.
Enquanto isso a classe artística vai se tornando uma espécie de "funcionalismo público acomodado", entrando nos esquemas, aprovando e captando projetos que não sequer divulgados ou circulam de fato pela sociedade brasileira.
Curtam aí o novo clip de Karina Buhr - CIRANDA DO INCENTIVO!!!
O chamado "samba-exaltação" é um dos sub-gêneros do samba que adquiriu extrema importância no carnaval brasileiro, associado aos desfiles das escolas de samba cariocas, posteriormente também as paulistas. O gênero vem de longa data, com clássicos como Aquarela do Brasil, de Ary Barroso.
Curiosamente, o apogeu do "samba exaltação" e das competições das grandes escolas de samba, outro gênero musical carnavalesco, ainda mais antigo e outrora um fenômeno de execuções é o da "marchinha de carnaval". Há também as "marchinhas-exaltação", como a clássica Cidade Maravilhosa, homenageando o Rio de Janeiro, porém o gênero se destacou principalmente pelo tom crítico e jocoso, tocando em assuntos tabus e polêmicos relacionados à política, sociedade e comportamento.
As marchinhas, que ao contrário dos sambas-exaltação (que se prolongam por longos e sucessivos versos e estrofes para "esticar" a canção em função da duração média de um desfile na avenida), normalmente não duram mais que dois minutos e costumam ser "emendadas umas às outras" numa grande coletânea da memória de outros carnavais. Muitas delas são apenas um refrão. Ainda assim, trazem mensagens absolutamente criativas e elaboradas sobre a cultura brasileira, como crônicas de nosso cotidiano tupiniquim.
O "habitat" natural das marchinhas não é nos desfiles das escolas nas avenidas, mas nos blocos e cordões carnavalescos nas ruas das cidades, pequenos bailes de carnaval e festas promovidas pelos próprios foliões e reuniões de amigos.
O carnaval parece dar sinais de esgotamento ou cansaço do tempo das grandes escolas de samba e dos sambas-exaltação. Vários sinais são visíveis: Os altos custos, o trabalho e a burocracia para se desfilar ou assistir ao vivo os desfiles; a dependência dos eventos de apoios e patrocínios dos governos, prefeituras, bicheiros e empresas, tornando-se acima de tudo, um grande negócio; a confusão entre o espírito carnavalesco da festa e da confraternização celebrando a alegria com a das torcidas organizadas dos clubes de futebol, que promovem discórdia e violência em um momento que deveria ser de amor.
Há muito tempo que certos enredos um tanto suspeitos têm sido exaltados também. O exemplo mais atual é da escola de samba paulistana ROSAS DE OURO, que homenageia ninguém mais, ninguém menos que Roberto Justus, como "O Rei Justus". Enfim, os desfiles têm cada vez mais se transformados em eventos publicitários, puxa-sacos, burocráticos, caros e violentos.
O potencial crítico e divertido da marchinha de carnaval e a espontaneidade e naturalidade de organização dos blocos e festas carnavalescas faz com que esse gênero musical desponte novamente no cenário carnavalesco brasileiro, começando por explodir em uma cidade-zebra: Belo Horizonte, uma cidade que definitivamente até hoje não conseguiu ter um carnaval interessante e participativo, tentando compiar os modelos de nossos colonizadores cariocas e paulistas.
As marchinhas já não são mais peças de museu, mas estão ressurgindo por aí, comentando e discutindo assuntos de interesse e importâncias vitais com muito bom humor, dentro do melhor espírito carnavalesco: o da alegria e da celebração do prazer de viver.
Vida longa às marchas!!!
Leia a reportagem da FOLHA DE SÃO PAULO sobre a vergonha da apuração da liga paulista:
Confusão interrompe apuração do Carnaval de SP
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DE SÃO PAULO
Atualizado às 18h47.
Uma confusão interrompeu a leitura das últimas notas das escolas de samba do Carnaval de São Paulo, no Anhembi (zona norte), na tarde desta terça-feira. Tudo começou quando um integrante de escola de samba invadiu a área onde as notas eram lidas, agrediu o locutor com um chute, pegou e rasgou os documentos com as notas. A confusão se espalhou, e a apuração terminou em vandalismo.
Representantes das escolas de samba se reuniram no Anhembi após a confusão, mas ainda não se sabe como ficará o resultado final do Carnaval.
Após o tumulto dentro do Anhembi, onde ocorria a apuração, torcedores invadiram parte da pista da marginal Tietê. Um carro alegórico foi queimado na dispersão do sambódromo, onde estavam as alegorias usadas nos desfiles.
O homem que provocou a confusão deixou a área antes de ser contido. Ainda não se sabe quem ele é, mas o rapaz usava uma camisa da Império de Casa Verde. A escola estava em 11º lugar até a interrupção, e não seria rebaixada para o Grupo de Acesso, a segunda divisão do Carnaval.
Policiais militares que estavam no local tentaram proteger os locutores e jurados, mas a confusão era generalizada. Integrantes de outras escolas também invadiram a área.
Depois, torcedores da Gaviões da Fiel invadiram a marginal Tietê, chutaram placas da cerca de proteção do pátio enquanto seguiam em direção à quadra da escola.
Enquanto isso, alegorias que estavam no estacionamento ao lado do sambódromo foram queimadas.
CLIMA TENSO
A apuração já havia começado com clima tenso, após um atraso de mais de 20 minutos. Representantes de cada escola foram convocados para uma reunião à porta fechadas, em que foi informada uma troca de jurados.
Segundo a Liga Independente das Escolas de Samba, jurados dos quesitos samba-enredo e mestre-sala e porta-bandeira foram substituídos por suplentes na quinta-feira, um dia antes do início dos desfiles do Grupo Especial. A troca é prevista no regulamento do Carnaval.
O presidente da Vai-Vai, Darly Silva, reclamou da troca dos jurados e disse que isso deixou as escolas indignadas. "Nós não vamos aceitar isso. Estão roubando escolas, beneficiando essa daí [Mocidade], que só tira 10", disse.
No momento da interrupção, a Mocidade Alegre liderava a apuração e era a única com notas 10 em todos os quesitos avaliados.
Uma integrante da Camisa Verde e Branco identificada como Josélia gritou pouco após a interrupção "Acabou o Carnaval de São Paulo. Não vai haver mais apuração. Não admitimos que as escolas sejam roubadas."
Curiosamente (salvo, claro, poucas e honrosas exceções) sairam muito mais notícias sobre a emergência das marchinhas políticas em veículos de comunicação paulistas do que mineiros. Por que será?
Acho que vamos ter que começar a fazer marchinhas pro Kassab e pro Serra... que tal?
Publicitário é destaque de enredo que faz tributo à colônia húngara no país
Ticiane Pinheiro e Roberto Justus no desfile da escola Rosas de Ouro, em São Paulo (Fotoarena)
Enquanto a maioria das escolas paulistas voltará seus enredos para aspectos da cultura nacional, a Rosas de Ouro levará para a avenida o publicitário e apresentador Roberto Justus, com a justificativa de fazer um tributo aos imigrantes e descendentes húngaros do país. Leia também: Ellen Roche chega para desfilar na Rosas de Ouro
Filho de húngaros imigrados, o publicitário dá nome ao enredo – O Reino dos Justus –, que conta a história fictícia do rei Janos, obrigado a deixar sua terra depois de ela ser invadida. Ele e seus súditos vêm para o Brasil em busca de justiça e paz, clichês sempre associados ao país.
Justus desfilará no último carro alegórico da escola, dedicado aos imigrantes, ao lado de sua mulher, Ticiane Pinheiro. O apresentador também estará no papel do Rei Mattias Corvinus, o Justo, bastante popular na história da Hungria
ATÉ TU, JUSTOS?
(Renato Villaça)
Até tu, Justus?
Até tu, Justus?
Esse ano comprou Rosas de Ouro em doze prestações sem juros!
O rei Justus é tão belo...
Com seu cabelo grisalho.
Tem Elianas e Adrianes no currículo do baralho.
O rei Justus é tão sábio...
É bem mais que um Aprendiz.
Dizem que vai pra Fazenda se casar com uma atriz.
O rei Justus é tão pop...
Já virou celebridade.
Por isso é que ele merece desfilar pela cidade.
O rei Justus é tão justo...
Mas seu fraco é demissão.
E agora foi admitido no desfile da estação.
Rosas de Ouro. (Zero! Nota Zero!)
Fez a grande confusão:
No enredo confundiu o momo com pantaleão.
Até tu, Justus?
Até tu, Justus?
Esse ano comprou Rosas de Ouro em doze prestações sem juros!
A Narcisa e a Brunete, vão ser as suas justetes.
E a louraça da Val vai no carro principal.
Índice geral São Paulo, domingo, 19 de fevereiro de 2012
Poder
Em Minas, políticos viram alvo de blocos de Carnaval
Marchinhas vencem concurso com crítica a atos de prefeito e presidente da Câmara
'Na Coxinha da Madrasta', por exemplo, faz chacota contra ato de Léo Burguês, presidente do Legislativo, que não quis comentar
PAULO PEIXOTO DE BELO HORIZONTE
Políticos de Belo Horizonte foram parar na berlinda no Carnaval da capital mineira. O prefeito Marcio Lacerda (PSB) e o presidente da Câmara Municipal, Léo Burguês (PSDB), viraram temas em marchinhas irreverentes e críticas aos dois políticos.
Ambos são alvo de ativistas que participaram recentemente de um concurso de marchinhas e, há três anos, fizeram ressurgir o Carnaval de rua em bairros tradicionais de Belo Horizonte, como Santa Tereza e Santo Antônio.
"Na Coxinha da Madrasta", a marchinha campeã do concurso, é um protesto contra ato do presidente do Legislativo. Foi hit nas prévias de blocos como Tetê a Santa e Mamá na Vaca.
A letra faz chacota dos gastos de Burguês com lanches na loja da madrasta -R$ 62 mil desde 2009 (R$ 1.500 por mês) em recursos da verba indenizatória para custeio do mandato. O jornal "O Tempo" revelou o fato.
Já Lacerda entrou na mira de ativistas e produtores culturais desde que tentou fixar regras para manifestações na praça da Estação, no centro.
Sem citar o nome do prefeito, a "Marcha da Estação" diz, em dó maior e melodia simples: "Começa com 'eme', termina com 'erda', adivinha o que que é!"
A tentativa de restringir o uso da área levou à criação da "Praia da Estação", movimento em que ativistas em trajes de banho promovem ocupações da praça de BH.
A marchinha terceira colocada, "Plaza de la Estación", também trata do assunto.
As novas regras de ocupação da praça foram derrubadas pela Câmara.
Lacerda disse à Folha que "marchinhas irreverentes serão sempre bem-vindas". "Fazem parte do nosso folclore".Burguês, segundo a assessoria, não quis comentar.
ESTA MATÉRIA NÃO PODE SER ACESSADA DIRETAMENTE, POIS ENCONTRA-SE NA ÁREA RESTRITA DE ASSINANTES DO JORNAL.
Bela matéria do JORNAL O TEMPO, de BH sobre as marchinhas políticas no carnaval. Grande satisfação pela nomeação oficial de legítimo representante do folclore da cidade! Antropólogos de plantão: podem me estudar!
Crítica.Carnaval em Belo Horizonte ganhou tempero diferente neste ano com as sátiras a fatos públicos
Marchinhas políticas renascem com escândalos e blocos de rua
Descontentamento da população com o prefeito e a Câmara inspiraram canções
Um fenômeno que andava esquecido na capital mineira ressurgiu com força catalisado pelos últimos acontecimentos da vida pública: as marchinhas de Carnaval inspiradas na política. O incremento da folia nas ruas da cidade incentivou compositores a unirem criatividade e irreverência para abordar as polêmicas nas canções.
As composições inspiradas nas notícias da Câmara Municipal ou sobre determinações da prefeitura não só foram as campeãs do principal concurso de marchinhas de Belo Horizonte como são hinos de protesto em potencial.
"Na Coxinha da Madrasta"- feita após reportagem de O TEMPO revelar que o presidente da Câmara, Léo Burguês (PSDB), gastou R$ 62 mil de sua verba indenizatória, entre 2009 e 2011, com lanches produzidos pelo bufê da madrasta -, ganhou eco nos belo-horizontinos que não aceitaram a proposta de aumento salarial de 61,8% aprovado pelos vereadores no fim do ano passado.
Com o mesmo tom satírico, a "Marcha da Estação" critica a gestão do prefeito Marcio Lacerda, e protesta contra a determinação do Executivo de suspender a realização de eventos públicos na praça da Estação. A alegação era de que o patrimônio público estava sendo depredado pelos cidadãos. Depois, a prefeitura recuou e liberou o espaço. Análise. As marchinhas de Carnaval voltaram à boca do povo e, segundo o folclorista e estudioso da música popular brasileira Carlos Felipe Horta, essa é uma consequência da retomada de costumes aclamados no passado. "Não só em Belo Horizonte, mas no Brasil inteiro, o que se observa é a volta do povo às ruas para celebrar o Carnaval e, com isso, as marchinhas também voltam com força total", explica o pesquisador.
Ainda que pareça para os jovens uma reinvenção da maneira de criticar a sociedade, Horta lembra que, mesmo antes da festa de fevereiro, essas composições já tinham um propósito.
"O tom satírico e político desse tipo de canção sempre existiu", destaca. Resposta
Alvos. Marcio Lacerda disse ter recebido com naturalidade a marchinha porque "faz parte do folclore belo-horizontino". Léo Burguês não gostou. Pelo Facebook, afirmou que se sentiu ofendido e que a sátira é "obscena". Esplanada
Rio. As marchinhas satíricas inspiradas em fatos políticos também estão espalhadas nos blocos do Rio de Janeiro. As sucessivas quedas de ministros
são um dos motes favoritos das canções.
Para ouvir as marchinhas, siga os links abaixo
Para Carlos Felipe, marchinhas ressurgiram junto com a festa de rua
Fonte
Sátiras fazem parte da história
"Dois momentos da história minaram o fenômeno das marchinhas: a transformação do Carnaval em um acontecimento televisivo, principalmente na década de 90, e a censura da ditadura de 1964". A avaliação é do folclorista Carlos Felipe Horta. Segundo o pesquisador, esse tipo de composição de Carnaval existe desde 1899 e ganhou força a partir de 1920. Contudo, as passagens recentes que ele cita enfraqueceram a cultura da marchinha satírica.
Horta explica que, mesmo que ainda nos primeiros anos as músicas tenham surgido falando de amor e sem críticas sociais, o tom político não demora a fazer parte dos versos. "A marchinha tem como objetivo principal satirizar fatos do cotidiano e, em muitos momentos, o mote foi a política brasileira".
Esse é o caso de uma composição de Roberto Martins e Frazão, de 1946, intitulada de "Cordão dos puxa-sacos" que diz: "Lá vem / O cordão dos puxa-sacos/ Dando viva aos seus maiorais/ Quem está na frente é passado para trás/ E o cordão dos puxa-sacos / Cada vez aumenta mais".
A Revolução de 30 e a morte de Getúlio Vargas foram acontecimentos que inspiraram marchinhas, como "O barbado foi-se", "É, sim, senhor", "O trem atrasou" e "Trabalhar, eu não". Todas elas tinham, como pano de fundo, fatos da política. (LA)
Se faltar amor em SP
Venha cá pra BH
Nem lembro mais o que é sofrer
Há tempos deixei de chorar
O sorriso é de graça
Na buléia do busão
E não tem preço que pague
A minha satisfação
É que a amabilidade
Já tomou conta de mim
E nos quatro cantos da cidade
Não tem mais tempo ruim
Até me esqueço dos detalhes
Do aluguel e a prestação
Nem do preço da passagem
Isso aqui é que é trem bão
E eu, um simples crioulo branco
Não gosto de reclamar
Na avenida Afonso Pena, no Betânia ou Floramar,
Em Santê, Sion, Pampulha, o amor está no ar!
Santo Antônio, Dona Clara, Vera Cruz e Jaraguá
Da Floresta até a Serra, minha praia é BH!
Os vencedores do Concurso de Marchinhas Mestre Jonas participaram da Banda Mole
"O Collor vai ganhar uma passagem pra sair desse lugar. Não é de trem, nem de metrô, nem de avião, é algemado no camburão, êta Collor ladrão!”, cantavam, em 1992, no processo de impeachment do ex-presidente Fernando Collor, parodiando a famosa marchinha Saca-rolha, aquela do “as águas vão rolar”. Gênero predominante dos carnavais brasileiros da primeira metade do século passado, antes de os sambas-enredo ganharem espaço, as marchinhas também são uma forma bem-humorada e eficaz de apimentar a discussão. Em ano eleitoral, então, não faltam composições que satirizam políticos e até lambanças gastronômicas.
Uma denúncia com ingredientes pitorescos, uma piada pronta. Assim, o compositor e produtor musical Flávio Henrique classifica a notícia de que o presidente da Câmara Municipal, Léo Burguês (PSDB), teria usado R$ 62 mil de verba de gabinete com lanches no bufê de sua madrasta.
Verdadeiro desfile de irreverência na avenida
Flávio é o compositor de Na coxinha da madrasta, que venceu o Concurso de Marchinhas Mestre Jonas, promovido pela tradicional Banda Mole. A intenção de Flávio não era que houvesse tamanha politização em cima de sua composição, mas ele entende que a indignação das pessoas – o aumento de salário dos vereadores, vetado depois de pressão popular, também ajudou –, levou a isso. “A sociedade estava incomodada com a situação. Quem deu a dimensão política foram as pessoas”, diz.
O professor e produtor musical Renato Villaça viu uma frase no Facebook do amigo João Basílio. “Começa com ‘m’ e termina com ‘erda’”, dizia o post. Num estalo, Renato resolveu pegar a ideia e compor Marcha da estação, segunda colocada no concurso, em “homenagem” ao prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB). A coisa se espalhou, ganhou as manchetes de sites país afora e, nos dois primeiros dias na internet, o áudio com a música já tinha 2 mil cliques. Oração a São Patrus é outra marchinha composta por Renato, que vê a oportunidade de, não só brincar, mas levar à reflexão.
Não é mera coincidência que as três marchinhas premiadas no concurso tenham cunho político. Belo Horizonte vive tempos em que o debate se faz necessário. Luiz Rocha musicou a letra do jornalista e escritor Paulinho Assunção e assim nasceu La plaza de la estación, outro tema ligado ao movimento Praia da Estação e que ficou no terceiro posto do concurso. Luiz, que interpretou Noel Rosa no espetáculo Chico Rosa, que fantasia o encontro entre o sambista e Chico Buarque, diz que o tema poderia até ser aleatório, mas não dá para deixar de fora a política: “O povo está insatisfeito e a comédia é a arma mais forte para botar o dedo na ferida”. Pelo visto, o carnaval este ano promete.
Ouça a marchinha Coxinha da Madrasta, de Flávio Henrique:
LINK PARA O SET DISPONÍVEL NO SOUNDCLOUD PARA ESCUTAR OS 4 ATOS INICIAIS EM SEQUÊNCIA. 1- MARCHA DA ESTAÇÃO. 2- ORAÇÃO A SÃO PATRUS. 3- SANTO DO PAU OCO. 4- MELÔ DO CURRAL ELEITORAL.
TODAS AS FAIXAS TAMBÉM ESTÃO DISPONÍVEIS PARA DOWNLOAD.
“Quem mora no curral
acaba sendo currado
na baia eleitoral”.
Já diz o novo ditado!
“Quem mora no curral
acaba sendo currado
na baia eleitoral”.
Já diz o novo ditado!
Neste tão grande sítio, deste tão grande estado
todo coronel conhece suas cabeças de gado.
E cuida do provimento da ração nesse cerrado.
Não liga pro no movimento lá dos bois mais desgarrados.
Mas eis que chega o momento da explosão da manada
que vai ao pasto em coro e moge desesperada!
Queremos mais capim!
Queremos mais ração!
A vida aqui tá muito ruim!
Não temos nenhuma diversão!
Queremos mais capim!
Queremos mais ração!
A vida aqui tá muito ruim!
E viva a revolução!
E os ricos coronéis ficarão encurralados
e nas baias da justiça bovina, serão um a um julgados.
Saindo dos tribunais ficarão trancafiados
naqueles mesmos currais em que detia os bois desgarrados.
“Quem mora no curral
acaba sendo currado
na baia eleitoral”.
Já diz o novo ditado!
“Quem mora no curral
acaba sendo currado
na baia eleitoral”.
Já diz o novo ditado!
Pra quem quer escutar os 3 atos seguidos da opereta é só clicar no link aí abaixo, do SOUNDCLOUD.
Lembrando que deve ser ouvida de baixo pra cima.
1- MARCHA DA ESTAÇÃO
2- ORAÇÃO A SÃO PATRUS
3- SANTO DO PAU OCO EPOPÉIA DO CURRAL EM 3 ATOS
Apesar do final trágico da EPOPÉIA DO CURRAL, a MARCHA DA ESTAÇÃO, que continua soando aos quatro cantos da cidade, foi apresentada no último sábado em cima do trio elétrico no bloco da Banda Mole, na Avenida Afonso Pena, quase em frente à Prefeitura.
O menestrel da cercania das gerais foi flagrado acompanhado de seus comparsas Rafael Azevedo e Diogo Torino logo após à apresentação:
Percebeu-se, na ocasião, que grande parte dos presentes não conseguiram adivinhar à que se referia a expressão "começa com m, termina com 'erda'". Rostos pensativos ficaram imaginando o que seria o enigma lançado ao ar...
O ex-ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias (PT), admitiu neste sábado que considera a perspectiva de apoiar a aliança entre petistas e o prefeito Marcio Lacerda (PSB), para a reeleição do socialista. Ele pediu aos correligionários que trabalhem para a união do partido e o envolvimento de todos em um pleito único.
“Não estamos afastando, estamos considerando a possibilidade da aliança. Mas queremos que ela se faça envolvendo todo o partido. A posição que for majoritária tem que incorporar democraticamente a minoria”, afirmou.
Afastado do cenário político desde as eleições de 2010, quando foi candidato a vice-governador na chapa do ex-senador Hélio Costa (PMDB), Patrus é considerado essencial para que o PT firme parceria com Lacerda. Ele é o principal expoente da corrente petista Articulação, que engloba cerca de 30% da legenda. Neste sábado, a ala representada pelo ex-ministro se reuniu para iniciar o debate sobre a sucessão. Na ocasião, ficou claro o direcionamento ao apoio à dobradinha.
“Estamos abrindo o processo de debate com as bases. Queremos ouvir a militância e identificar os pontos programáticos, buscando uma sintonia com a direção nacional”, afirmou o deputado estadual André Quintão. A direção nacional já se posicionou. O presidente Rui Falcão defende a aliança com Lacerda, com o argumento de que o PSB é primordial ao PT no pleito de 2014, quando a presidente Dilma Rousseff deve tentar a reeleição.
Quintão é tido como um dos nomes cotados para integrar a chapa com Lacerda. “Nossa posição não está condicionada à escolha do vice. Caso optemos por apoiar o prefeito, a escolha do vice deve buscar a unidade do partido e o reforço de um conteúdo programático”, afirmou. Além dele, está no páreo o deputado federal Miguel Corrêa Júnior, preferido do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel.
Um grupo de petistas, liderado pelo vice-prefeito Roberto Carvalho ainda luta para derrotar a possibilidade de aliança. Em março, todos os grupos internos do PT se reunirão para bater o martelo sobre a sucessão. Até lá, cada corrente avalia com as bases a melhor alternativa.
Patrus Ananias pediu ontem união de todos para evitar a contaminação do pleito. “Uma questão importante para nós é a unidade do PT. Faz parte da nossa história e tradição as diferenças, o debate democrático. É fundamental que estas posições diferenciadas encontrem um espaço de diálogo, de tal maneira que uma vez tomada a decisão do partido, com a mais ampla consulta, ele todo caminhe nesta direção”, justificou.
A preocupação entre os dirigentes petistas é que Roberto carvalho seja excluído do processo sucessório ou trabalhe, nos bastidores, contra a dobradinha, se ela se efetivar. Patrus ainda disse que quer discutir um projeto para Belo Horizonte, evitando o debate apenas acerca de cargos. “Insisto neste ponto: temos que discutir conteúdos”, completou.
Eis que surge o terceiro e último ato da agonia petista em Belo Horizonte:
SANTO DO PAU OCO
(Renato Villaça)
Orei tanto, mas no fim levei o toco.
Era que o santo era santo do pau oco.
Orei tanto, mas no fim levei o toco.
Era que o santo era santo do pau oco.
Diziam que esse santo era forte
e tão bem intencionado...
Só não vinha dando muita sorte
“a nível” de eleitorado...
Santo que já foi perfeito,
não faz mais nenhum milagre.
Agora eu vou ter que dar um jeito
de perguntar pro padre:
“Ó senhor, porque tanta penitência?
Sou pecador, mas me sinto no calvário!
Já estou até perdendo a paciência...
De de quatro em quatro anos voltar a bancar de otário!
Orei tanto, mas no fim levei o toco.
Era que o santo era santo do pau oco.
Orei tanto, mas no fim levei o toco.
Era que o santo era santo do pau oco.
Embora se julgue ateu hortodoxo convicto, o menestrel da cercania das gerais se desespera com os rumos do curral eleitoral e roga uma prece ao São Padroeiro dos Petistas Belo Horizontinos, São Patrus.
ORAÇÃO A SÃO PATRUS
(Renato Villaça)
Tudo ficou na saudade.
Foi em outros carnavais.
Alegria desfilou pela cidade.
Mas já não reina mais.
Depois da grande novidade
O sargento Pimentel
Entregou a tropa à ele, nosso novo coronel.
E foi feita a aliança
Entre o capeta e o diabo.
Depois disso a gente dança
Num compasso atrasado.
Mas esse ano vem um bloco
Pra esquentar o carnaval
Gritando Patrus para rei momo do trono municipal.
Gritando Patrus para rei momo do trono municipal.
Meu São Patrus! Nos dê uma luz.
Agora o que é que a gente vai fazer em BH com o cordão do PT.
Meu São Patrus! Segura a tua cruz.
Em novembro queremos ver você de volta ao páreo da cidade pra prefê.
Uh, tererê! Patrus pra prefê!!!
(E o cordão dos puxa-saco cada vez aumenta mais..)
Confira a indicação em primeira mão no FURO MTV, de 08/02/2012.
Fica no minuto 9, segundo 40 do programa, comentando a trilha indicada para o filme Rio.
Prefeito Márcio Lacerda 'ganha' marchinha polêmica de Carnaval
O prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB), pode ficar marcado na história do Carnaval da capital mineira caso uma música alusiva à sua gestão ganhe o concurso de marchinhas da Banda Mole, tradicional bloco carnavalesco da cidade.
A "Marcha da Estação" compete com nove músicas finalistas e tem no refrão, nada elogioso, um trocadilho com o nome do político: "Começa com m, termina com erda. Adivinha o que que é".
Em nenhum momento, no entanto, a letra diz textualmente o nome de Lacerda.
"Perfeito como esse é a pura 'prefeição'. Ele é tão bom que agrada situação e oposição. Interditou a praça e trouxe a praia para estação... só não dá conta mesmo de evitar alagamento."
A música vencedora do "Concurso de Marchinhas Mestre Jonas", sambista mineiro, será anunciada neste sábado em um baile pré-carnavalesco em Belo Horizonte.
Caso seja campeã, os autores Renato Villaça e João Basílio podem receber R$ 5.000 pelo primeiro lugar na premiação. O segundo lugar receberá R$ 3.000 e o terceiro, R$ 1.000.
Procurada pela reportagem, a Prefeitura de Belo Horizonte afirmou que não vai se pronunciar sobre o assunto.
Quem chutou a resposta, provavelmente errou e, talvez, por muito. A frase, na verdade, virou refrão de uma marchinha de carnaval composta em homenagem ao prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB) — cujo nome e sobrenome, diga-se, também começa com a letra ‘m’ e tem “erda” no fim. A canção foi composta pelo produtor Renato Villaça e seu colega João Basílio e está virando hit na capital mineira. A música compete no próximo sábado com outras nove marchinhas no Baile da Banda Mole, um tradicional bloco de rua do centro de Belo Horizonte que organiza o chamado “Concurso de Marchinhas Mestre Jonas”. O nome do concurso, que recebe apoio oficial da prefeitura, é uma homenagem a um músico local. Aquelas que obtiverem os três primeiras lugares receberão, respectivamente, R$5 mil (1º lugar), R$3 mil (2º lugar) e R$1 mil (3º lugar).
Faça-se justiça: a “Marchinha da Estação”, como foi batizada, não menciona literalmente em nenhum de seus versos o nome do alcaide belo horizontino. Mas a alusão e o escárnio com o gestor são claros. Há até, em seus últimos versos, um reconhecimento aos altos índices de aprovação obtidos por Lacerda (diz a letra: Não sei se é propaganda ou se é de verdade/ Parece que ele é mesmo uma unanimidade!). Em outro verso, o motivo de gozação é um decreto municipal que proíbe a realização de eventos em praças públicas. Em Belo Horizonte, o tal decreto gerou um movimento autodenominado Praia da Estação. Como maneira de protestar contra a proibição, alguns belo horizontinos passeiam pela Praça da Estação em trajes de banho de mar: pouco vestidos em biquínis, sungas e toalhas, desfilam pelo centro da cidade. Não é preciso ir muito longe para adivinhar que o tal movimento, é claro, também virou marchinha. É a “Plaza de La Estación”, que diz: “Ô Préfe, não proíbe a minha praia/ Ela é de cimento, mas é lá que eu tiro saia”.
Ainda há outras composições inspiradas na política local. A primeira a estourar nas paradas, inclusive, é a chamada “Na coxinha da madrasta”. A canção homenageia outro político local, o presidente da Câmara Municipal Léo Burguês (PSDB). No ano passado, o vereador teria apresentado como justificativa para receber sua verba indenizatória um total de R$ 62 mil em notas fiscais obtidas em uma mercearia da mulher de seu pai. Disso, nasceram os versos “Agora BH já tem Édipo e Jocasta/ Burgues pôs o seu cigarrete na coxinha da madrasta/ Milhares de reais por mês na coxinha do Burgues”. Não sem razão, o vereador, cujo somente o sobrenome já vale marchinha, não gostou e acionou seus advogados. Eles avisaram o autor, o músico Flávio Henrique, que sua música poderia render-lhe um processo por difamação. O compositor retirou a música do ar assim que recebeu a ameaça. Mas não teve jeito, a canção se espalhou pela cidade e caiu no cancioneiro dos foliões. “Minha ideia foi só fazer uma brincadeira com uma notícia que saiu nos jornais daqui. Mas agora ouço a galera cantando a música até na padaria”, diz Flávio Henrique. O carnaval em Belo Horizonte promete…
Está chegando o carnaval e iniciamos as atividades deste novo espaço de notícias, críticas, crônicas, poemas e comentários semanais em forma de canções.
Pra esquentar os tamborins, o JOKE BOX põe na roda a EPOPÉIA DA SERRA DO CURRAL ELEITORAL, opereta carnavalesca em três atos:
PRIMEIRO ATO: MARCHA DA ESTAÇÃO (Renato Villaça/João Basílio).
Começa com ême.
Termina com “erda”.
Adivinha o que que é!
Perfeito como esse é a pura prefeição.
Ele é tão bão que agrada situação e oposição.
Interditou a praça e trouxe a praia pra estação.
Só falta confiscar o troperão do Mineirão!
É tanta obra que já ta faltando até cimento.
Só não dá conta mesmo de estancar o alagamento.
Mas sei que não tem jeito. É só isso que lamento.
Depois que a lama seca o povo cai no esquecimento!
Começa com ême.
Termina com “erda”.
Adivinha o que que é!
Instalou mil radares no anel rodoviário.
Pra duplicar as multas no lugar do assoalho.
E tudo isso às custas desse meu pobre salário.
Às vezes acho que no fundo fui feito de otário!
E todo mundo canta pelas ruas da cidade
Aquele sertanejo que virou publicidade.
Não sei se é propaganda ou se é de verdade.
Parece que ele é mesmo uma unanimidade!
Começa com ême.
Termina com “erda”.
Adivinha o que que é!