quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

BASTA DE TANTA EXALTAÇÃO, PUXAÇÃO E CONFUSÃO!!! CHEGOU A VEZ DA MARCHA NA ESTAÇÃO!!!




O chamado "samba-exaltação" é um dos sub-gêneros do samba que adquiriu extrema importância no carnaval brasileiro, associado aos desfiles das escolas de samba cariocas, posteriormente também as paulistas. O gênero vem de longa data, com clássicos como Aquarela do Brasil, de Ary Barroso.

Curiosamente, o apogeu do "samba exaltação" e das competições das grandes escolas de samba, outro gênero musical carnavalesco, ainda mais antigo e outrora um fenômeno de execuções é o da "marchinha de carnaval". Há também as "marchinhas-exaltação", como a clássica Cidade Maravilhosa, homenageando o Rio de Janeiro, porém o gênero se destacou principalmente pelo tom crítico e jocoso, tocando em assuntos tabus e polêmicos relacionados à política, sociedade e comportamento.

As marchinhas, que ao contrário dos sambas-exaltação (que se prolongam por longos e sucessivos versos e estrofes para "esticar" a canção em função da duração média de um desfile na avenida), normalmente não duram mais que dois minutos e costumam ser "emendadas umas às outras" numa grande coletânea da memória de outros carnavais. Muitas delas são apenas um refrão. Ainda assim, trazem mensagens absolutamente criativas e elaboradas sobre a cultura brasileira, como crônicas de nosso cotidiano tupiniquim.

O "habitat" natural das marchinhas não é nos desfiles das escolas nas avenidas, mas nos blocos e cordões carnavalescos nas ruas das cidades, pequenos bailes de carnaval e festas promovidas pelos próprios foliões e reuniões de amigos.

O carnaval parece dar sinais de esgotamento ou cansaço do tempo das grandes escolas de samba e dos sambas-exaltação. Vários sinais são visíveis: Os altos custos, o trabalho e a burocracia para se desfilar ou assistir ao vivo os desfiles; a dependência dos eventos de apoios e patrocínios dos governos, prefeituras, bicheiros e empresas, tornando-se acima de tudo, um grande negócio; a confusão entre o espírito carnavalesco da festa e da confraternização celebrando a alegria com a das torcidas organizadas dos clubes de futebol, que promovem discórdia e violência em um momento que deveria ser de amor.

Há muito tempo que certos enredos um tanto suspeitos têm sido exaltados também. O exemplo mais atual é da escola de samba paulistana ROSAS DE OURO, que homenageia ninguém mais, ninguém menos que Roberto Justus, como "O Rei Justus". Enfim, os desfiles têm cada vez mais se transformados em eventos publicitários, puxa-sacos, burocráticos, caros e violentos.

O potencial crítico e divertido da marchinha de carnaval e a espontaneidade e naturalidade de organização dos blocos e festas carnavalescas faz com que esse gênero musical desponte novamente no cenário carnavalesco brasileiro, começando por explodir em uma cidade-zebra: Belo Horizonte, uma cidade que definitivamente até hoje não conseguiu ter um carnaval interessante e participativo, tentando compiar os modelos de nossos colonizadores cariocas e paulistas.

As marchinhas já não são mais peças de museu, mas estão ressurgindo por aí, comentando e discutindo assuntos de interesse e importâncias vitais com muito bom humor, dentro do melhor espírito carnavalesco: o da alegria e da celebração do prazer de viver.

Vida longa às marchas!!!

Leia a reportagem da FOLHA DE SÃO PAULO sobre a vergonha da apuração da liga paulista:

Confusão interrompe apuração do Carnaval de SP

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DE SÃO PAULO
Atualizado às 18h47.
Uma confusão interrompeu a leitura das últimas notas das escolas de samba do Carnaval de São Paulo, no Anhembi (zona norte), na tarde desta terça-feira. Tudo começou quando um integrante de escola de samba invadiu a área onde as notas eram lidas, agrediu o locutor com um chute, pegou e rasgou os documentos com as notas. A confusão se espalhou, e a apuração terminou em vandalismo.
Representantes das escolas de samba se reuniram no Anhembi após a confusão, mas ainda não se sabe como ficará o resultado final do Carnaval.
Após o tumulto dentro do Anhembi, onde ocorria a apuração, torcedores invadiram parte da pista da marginal Tietê. Um carro alegórico foi queimado na dispersão do sambódromo, onde estavam as alegorias usadas nos desfiles.
O homem que provocou a confusão deixou a área antes de ser contido. Ainda não se sabe quem ele é, mas o rapaz usava uma camisa da Império de Casa Verde. A escola estava em 11º lugar até a interrupção, e não seria rebaixada para o Grupo de Acesso, a segunda divisão do Carnaval.
Policiais militares que estavam no local tentaram proteger os locutores e jurados, mas a confusão era generalizada. Integrantes de outras escolas também invadiram a área.
Depois, torcedores da Gaviões da Fiel invadiram a marginal Tietê, chutaram placas da cerca de proteção do pátio enquanto seguiam em direção à quadra da escola.
Enquanto isso, alegorias que estavam no estacionamento ao lado do sambódromo foram queimadas.

Reprodução/TV Globo
Homem invade área onde notas eram lidas, pega e rasga documentos; veja mais fotos
Homem invade área onde notas eram lidas, pega e rasga documentos; veja mais fotos
CLIMA TENSO
A apuração já havia começado com clima tenso, após um atraso de mais de 20 minutos. Representantes de cada escola foram convocados para uma reunião à porta fechadas, em que foi informada uma troca de jurados.
Segundo a Liga Independente das Escolas de Samba, jurados dos quesitos samba-enredo e mestre-sala e porta-bandeira foram substituídos por suplentes na quinta-feira, um dia antes do início dos desfiles do Grupo Especial. A troca é prevista no regulamento do Carnaval.
O presidente da Vai-Vai, Darly Silva, reclamou da troca dos jurados e disse que isso deixou as escolas indignadas. "Nós não vamos aceitar isso. Estão roubando escolas, beneficiando essa daí [Mocidade], que só tira 10", disse.
No momento da interrupção, a Mocidade Alegre liderava a apuração e era a única com notas 10 em todos os quesitos avaliados.
Uma integrante da Camisa Verde e Branco identificada como Josélia gritou pouco após a interrupção "Acabou o Carnaval de São Paulo. Não vai haver mais apuração. Não admitimos que as escolas sejam roubadas."

Marcos Bezerra/Futura Press
Carro alegórico é destruído por incêndio após tumulto no sambódromo de SP; veja mais

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