segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

O CARNAVAL JÁ COMEÇOU, E A MARCHA NÃO PARA!!! - MATÉRIA JORNAL O TEMPO

Bela matéria do JORNAL O TEMPO, de BH sobre as marchinhas políticas no carnaval. Grande satisfação pela nomeação oficial de legítimo representante do folclore da cidade! Antropólogos de plantão: podem me estudar!

Crítica.Carnaval em Belo Horizonte ganhou tempero diferente neste ano com as sátiras a fatos públicos
Marchinhas políticas renascem com escândalos e blocos de rua
Descontentamento da população com o prefeito e a Câmara inspiraram canções
Publicado no Jornal OTEMPO em 19/02/2012
LARISSA ARANTES

Um fenômeno que andava esquecido na capital mineira ressurgiu com força catalisado pelos últimos acontecimentos da vida pública: as marchinhas de Carnaval inspiradas na política. O incremento da folia nas ruas da cidade incentivou compositores a unirem criatividade e irreverência para abordar as polêmicas nas canções.
As composições inspiradas nas notícias da Câmara Municipal ou sobre determinações da prefeitura não só foram as campeãs do principal concurso de marchinhas de Belo Horizonte como são hinos de protesto em potencial.
"Na Coxinha da Madrasta"- feita após reportagem de O TEMPO revelar que o presidente da Câmara, Léo Burguês (PSDB), gastou R$ 62 mil de sua verba indenizatória, entre 2009 e 2011, com lanches produzidos pelo bufê da madrasta -, ganhou eco nos belo-horizontinos que não aceitaram a proposta de aumento salarial de 61,8% aprovado pelos vereadores no fim do ano passado.
Com o mesmo tom satírico, a "Marcha da Estação" critica a gestão do prefeito Marcio Lacerda, e protesta contra a determinação do Executivo de suspender a realização de eventos públicos na praça da Estação. A alegação era de que o patrimônio público estava sendo depredado pelos cidadãos. Depois, a prefeitura recuou e liberou o espaço.
Análise. As marchinhas de Carnaval voltaram à boca do povo e, segundo o folclorista e estudioso da música popular brasileira Carlos Felipe Horta, essa é uma consequência da retomada de costumes aclamados no passado. "Não só em Belo Horizonte, mas no Brasil inteiro, o que se observa é a volta do povo às ruas para celebrar o Carnaval e, com isso, as marchinhas também voltam com força total", explica o pesquisador.
Ainda que pareça para os jovens uma reinvenção da maneira de criticar a sociedade, Horta lembra que, mesmo antes da festa de fevereiro, essas composições já tinham um propósito.
"O tom satírico e político desse tipo de canção sempre existiu", destaca.
Resposta
Alvos. Marcio Lacerda disse ter recebido com naturalidade a marchinha porque "faz parte do folclore belo-horizontino". Léo Burguês não gostou. Pelo Facebook, afirmou que se sentiu ofendido e que a sátira é "obscena".
Esplanada
Rio. As marchinhas satíricas inspiradas em fatos políticos também estão espalhadas nos blocos do Rio de Janeiro. As sucessivas quedas de ministros
são um dos motes favoritos das canções.
Para ouvir as marchinhas, siga os links abaixo

http://soundcloud.com/ahcidade/lanche-do-burgues-na-coxinha
http://soundcloud.com/renato-villa-a/marcha-da-estacao-mp3
http://soundcloud.com/focs/plaza-de-la-estaci-n-de-luiz
FOTO: Divulgação
Para Carlos Felipe, marchinhas ressurgiram junto com a festa de rua
Fonte
Sátiras fazem parte da história
"Dois momentos da história minaram o fenômeno das marchinhas: a transformação do Carnaval em um acontecimento televisivo, principalmente na década de 90, e a censura da ditadura de 1964". A avaliação é do folclorista Carlos Felipe Horta. Segundo o pesquisador, esse tipo de composição de Carnaval existe desde 1899 e ganhou força a partir de 1920. Contudo, as passagens recentes que ele cita enfraqueceram a cultura da marchinha satírica.
Horta explica que, mesmo que ainda nos primeiros anos as músicas tenham surgido falando de amor e sem críticas sociais, o tom político não demora a fazer parte dos versos. "A marchinha tem como objetivo principal satirizar fatos do cotidiano e, em muitos momentos, o mote foi a política brasileira".
Esse é o caso de uma composição de Roberto Martins e Frazão, de 1946, intitulada de "Cordão dos puxa-sacos" que diz: "Lá vem / O cordão dos puxa-sacos/ Dando viva aos seus maiorais/ Quem está na frente é passado para trás/ E o cordão dos puxa-sacos / Cada vez aumenta mais".
A Revolução de 30 e a morte de Getúlio Vargas foram acontecimentos que inspiraram marchinhas, como "O barbado foi-se", "É, sim, senhor", "O trem atrasou" e "Trabalhar, eu não". Todas elas tinham, como pano de fundo, fatos da política. (LA)

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